Análise Baú - Apocalipse - Damares

A ideia de análises de CD's antigos, pelo menos no início, é pra ser feita com álbuns que colocaram os cantores no auge. E pra abrir essa nossa sequência de análises, vamos ao CD que colocou Damares entre as cantoras que mais vendem no Brasil.

"Apocalipse" foi lançado em 2008 e vendeu mais de 1 milhão de cópias. O  CD foi o responsável por colocar "Sabor de Mel" na boca do povo. Antes desse estouro, a cantora já havia gravado outros álbuns. Sua carreira começou bem antes de "Apocalipse". Segundo o site "Vagalume", seu primeiro álbum foi lançado em 1997 e tinha por nome "Asas de Águia". Depois do sucesso, a cantora lançou um CD ao vivo, e regravou nesse algumas canções de álbuns anteriores, que acabou emplacando.

Então vamos:

Com 13 faixas, disco foi produzido por Melk Carvalhedo.

Apocalipse: A canção que abre o álbum é também título de CD. A letra fala do arrebatamento da igreja, e mais precisamente sobre os acontecimentos que, segundo o livro da visão de João, publicado no livro de Apocalipse, irão acontecer na terra no dia da volta de Jesus. O arranjos são perfeitos e chamam muito a atenção principalmente na volta ao início da música, depois do refrão. A música teve todo o sucesso que merecia, sendo hoje considerada como a melhor música de arrebatamento de todos os tempos. Escrita por Agaílton Silva.

Milagre: "Empurrada" pelas outras canções do CD, essa também fez sucesso. A letra de Damares com parceria de "Os Galileus" não é nem um pouco chamativa, bem pelo contrário, clichê de tudo. Uma música simples, com arranjos simples que só agrada as irmãs do Círculo de Oração.

Sabor de Mel: Analisando essa canção no período em que ela foi lançada, a gente qualifica como uma boa música. Embora o tema já era muito "batido", a letra era nova, cheia de ideias que nunca tinham sido trabalhadas em outras canções e os arranjos ainda contribuíram muito para o êxito no resultado final do hit. Nessa ótica a música mereceu sim o sucesso que teve. Hoje, a letra de Caio Silva e Agaílton Silva não faria muito sucesso, porque o crentes estão mais exigentes com músicas, e optando por canções que exaltem mais a Deus. Hoje essa é considerada pela crítica como  um exemplo de como não fazer música, por ter partes que incentivam a vingança entre irmãos.

A Batalha do Arcanjo: Essa é de todas a primeira música que me chamou a atenção no ministério da Damares. Primeiro o que me empolgou foram os arranjos tão bem elaborados, depois a melodia, e aquela letra sensacional que fala de benção com uma linguagem que hoje eu não identificaria muito com a Damares. Agaílton Silva podia sim caprichar um pouco no final da música, mas para a época acho que já está de bom tamanho. Essa também foi febre nos conjuntos.

Não toque no Ungido: Essa letra hoje é abominável para o "protestantismo moderno". Embora baseada em fatos bíblicos, a música faz analogias que não cabem muito aos cristãos dessa geração. Com letra e melodia bem "pentecostalizadas", a música fala que mexer com ungido é coisa séria. Escrita por Rick e Renan, a música também fez em certo sucesso nas igrejas, principalmente no meio das irmãs do Círculo de Oração.

Escondido Nele: Músicas pentecostais costumam declarar vitórias sobre homens, e essa foi diferente. Além de declarar que a vitória vem de Deus, a música fala que a luta é contra o inferno. Se todas as músicas de "vitória" fossem baseadas nessa, hoje eu não abominaria esse tipo de tema. As igrejas pentecostais cantam muito "vitória", mas o erro não é necessariamente esse; eles (nós) pecam por cantar que vitória é sobre ps homens, sendo que a nossa luta é contra espíritos malignos. Essa canção é base para músicas dessa temática. A melodia e arranjos são singelos, mas a música é carregada. Letra de Roberto Carlos Leite.

Quando Ele Quer: A sétima canção do álbum fala da autoridade de Deus. Essa também fala de vitória, mas de um outro ângulo. Dessa vez ela fala de Deus como o dono de tudo, e que tudo é feito no seu tempo e do seu jeito, baseada em vitórias que Deus deu no passado. Sem muitas novidades, a música ficou meio "escondidinha", não sendo relevante para o sucesso do CD. Letra de Os Galileus.

Glorifica: Essa é a música pentecostal tradicional. Eu não entendi se a letra é de agradecimento ou de exaltação humana, portanto nunca consegui curtir a música. Mas de toda forma a música não chama atenção no CD.

Casa de Deus: Roberto Reis trabalhou um assunto que não é muito comum às músicas evangélicas. Embora a letra novamente dê foco aos milagres e etc, falar da casa de Deus não é muito interessante para os compositores contemporâneos. Novamente com arranjos simples, a música é gostosa de ouvir, e repito, já que vai falar de milagres e bençãos é bom pegar essas referências. Relacionar as bençãos à Deus (ou coisas de Deus) é melhor do que falar delas como fruto de esforço próprio. Mais uma canção perfeita que só foi conhecida pelo sucesso do CD.

Preciso do Teu Espírito: Mais um bom modelo de música referencial para o estilo pentecostal. A letra tão profunda declara que somos dependentes do Espírito Santo. Volta a falar de fatos bíblicos. A melodia gostosa e arranjos simples, foram indispensáveis para manter e essência da canção. Esse Roberto Carlos precisa ser mais aproveitado no universo gospel.


Aqui tem Unção: Mais um forró de igreja. Eu costumo gostar de músicas desse estilo, mas não foi o caso dessa. O refrão repetitivo é muito enjoativo. A música não apresenta novidade. A tradicional "falta uma, vou colocar você".

Deixa Senhor: A melodia dessa música é bem gostosa. Ela fala da volta de Jesus e do nosso arrebatamento. Arranjos também muito simples, mas necessários para manter o estilo pentecostal-reflexivo. Uma bela canção. Amo músicas de arrebatamento que nos faz desejar subir. Back bem presente.

Pra te Adorar: Na levada da música anterior, essa é uma canção meio que congregacional. Essa canção foi bem explorada pelos conjuntos e embora a letra seja bem "clichezinha", fechou muito bem o CD. Com arranjos bem elaborados, e uma presença maior do back vocal, ela é uma canção de adoração.

O álbum "Apocalipse" não tem nada que já não tenha sido visto em um CD pentecostal comum.  O diferencial nesse CD está no excesso de frases e expressões que as pessoas gostam de ouvir, as chamadas "massagens ao ego humano" e acredito que foi esse o fator principal que fez do disco um dos mais vendidos do Brasil.

É importante ressalvar que músicas como "Quando Ele Quer", "Escondido Nele" e "Preciso do Teu Espírito" deferiam ter sido mais aproveitas, por ser estilo pentecostal e ter letras mais "bíblia" que as demais canções que fizeram sucesso no CD,  mas não é exatamente o que o povo gosta de ouvir, tornando dessas as músicas "enche-linguiça" do álbum.

Hoje Damares está mais consciente de que os irmãos pentecostais já não são mais os mesmos, e que exigem letras que exaltem mais a Deus. É claro que ainda não pode falar as "canções do ego", mas elas não são as que mais fazem sucesso no público da cantora.

Seu mais recente CD inédito "O maior Troféu" é pra mim o melhor de sua carreira no quesito evolução da cantora em todos os sentidos e embora não tenha feito tanto sucesso como os demais, manteve a cantora no topo da música pentecostal.

Vocês devem se perguntar por quê eu não falei sobre a voz da cantora e sua interpretação nas canções; eu de fato não falei porque a voz da Damares não chamava muita atenção. Não foi sua voz um fator de destaque para o sucesso do CD.

E ae gente, gostou da nossa análise Baú? Comentem

Quero analisar nessa primeira temporada de análises os CDs que colocaram os cantores no auge, então continuem dando sugestões para as próximas.

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